A Taquicardia Supraventricular é toda a taquicardia que acontece fora do ventrículo que pode acontecer no átrio ou no nó AV, por exemplo.
Sabemos que os ritmos com frequência acima de cem batimentos por minuto são considerados taquicardias, e que distúrbios nessa ordem são considerados taquiarritmias. De um modo geral, as taquiarritmias são consideradas como supraventriculares ou ventriculares.
Taquiarritmias supraventriculares
As taquiarritmias supraventriculares são aquelas nas quais o circuito condutor origina-se no tecido acima do ventrículo, ou seja, no nó sinusal, átrio, nó av ou Feixe de His.
Taquiarritmias ventriculares
As taquiarritmias ventriculares são aquelas nas quais o circuito condutor tem origem nas Fibras de Purkinje ou nos ventrículos.
Fibrilação atrial
Aproximadamente um terço das hospitalizações por Arritmia é por Fibrilação Atrial. A maioria dos portadores dessa condição apresentam hipertensão arterial sistêmica ou alguma cardiopatia estrutural. Pode ser consequência de causas temporárias ou reversíveis, e a causa temporária mais comum é a ingestão excessiva de álcool.
Os mecanismos envolvidos na fibrilação atrial são complexos e, atualmente, podemos dividir em dois mecanismos principais: um ou mais focos de automatismo ou múltiplos circuitos de reentrada, sendo que ambos podem estar presentes simultaneamente.
Com base em estudos foi demonstrado que, em muitos pacientes, o local de dominância dos disparos elétricos encontrava-se no átrio esquerdo, mais precisamente no tecido próximo às veias pulmonares.
No eletrocardiograma, a fibrilação atrial é caracterizada por oscilações de baixa amplitude na linha de base, ausência de onda P e ritmo ventricular irregular. Essas ondulações são caracterizadas como ondas F ou fibrilatórias. Sendo que, neste caso, elas variam em amplitude, forma e duração – diferentes do que veremos no Flutter atrial. E a sua frequência é de 300 a 600 estímulos por minuto.
Flutter Atrial
O Flutter Atrial é o protótipo do ritmo atrial macro reentrante e, na maior parte das vezes, os seus circuitos se encontram no átrio direito e é delimitado pelo anel da válvula tricúspide, pela crista terminalis e pela válvula de Eustáquio. Um ponto crucial do circuito é o estimo entre a veia cava inferior e a válvula tricúspide.
O Flutter Típico circula na direção anti-horária, e o Flutter Atípico em sentido horário. No eletrocardiograma é possível observar as ondas F, ou fibrilatórias, que apresentam amplitude, forma e duração constantes, com frequência de 250 a 350 estímulos por minuto.
No caso do Flutter Típico, as ondas F são descritas como ondas parecidas com dentes de serrote e, normalmente, a frequência ventricular fica metade da atrial. Assim, um ritmo atrial de 300 estímulos por minuto gera um ritmo ventricular de 150 estímulos por minuto. Em alguns casos, é possível observar a variação na condução atrioventricular em que o Flutter de condução AV é variável – sendo irregular a sua resposta ventricular.
Taquicardia Atrial Focal
Esse tipo de taquiarritmia tem origem no músculo atrial e local diferente do nó sinusal e do nó AV. No eletrocardiograma é possível observar a onda P com morfologia diferente da onda P sinusal, e a frequência cardíaca em torno de 150 a 200 estímulos por minuto. Entretanto, focos bem próximos do nó sinusal produzirão a onda P bem semelhante a sinusal, sendo difícil distingui-las.
Taquicardia Atrial Multifocal
Consiste em múltiplos focos comandando a atividade atrial, ela é caracterizada por ondas P com três morfologias distintas, em intervalos P-P irregulares e com frequência cardíaca em torno de 100 a 130 estímulos por minuto.
Taquicardias Supraventriculares Paroxísticas
Taquicardia por reentrada nodal
Esse tipo de taquiarritmia geralmente acomete pessoas sem cardiopatia estrutural, sendo mais frequente na população adulta. O prognóstico dos pacientes sem doença cardíaca associada é bom, e os pacientes com esse quadro apresentam dupla via nodal sendo uma de condução rápida e outra lenta.
Durante o ritmo sinusal o impulso segue pela via de condução rápida e também pela via de condução lenta, mas o estímulo pela via rápida acaba ocupando o nó AV e bloqueando a condução pela lenta. Já se sabe que a via rápida tem o período mais lento do que a via lenta e, assim, demora mais tempo para ficar pronta ao próximo estímulo.
Uma analogia interessante é imaginar duas estradas de terra em que aquela em que o automóvel trafega com maior velocidade, levanta-se mais poeira. E, por consequência, aumenta o tempo para que o próximo veículo possa trafegar. Na estrada em que o automóvel trafega com menor velocidade não se levanta poeira e, dessa forma, ela sempre estará pronta para o próximo veículo.
O gatilho para a taquiarritmia ocorre da seguinte forma:
Após o estímulo normal tem-se uma ectopia atrial. O estímulo, então, é bloqueado na via rápida porque ela está no período refratário. No entanto, a via lenta já está pronta e possibilita que o estímulo desça pela via lenta e chegue até o nó AV. Ele vai descer pelo feixe de HIS para os ventrículos e sobre, retrogradamente, para os átrios através da via rápida – e que já está recuperada. O circuito, então, é completado quando no átrio o estímulo percorre novamente a via lenta e dá início a um novo ciclo.
Taquicardia por reentrada AV
Essa taquiarritmia é representada, principalmente, pela Síndrome Wolff-Parkinson-White. Para que elas ocorram é preciso que existam vias acessórias ventriculares, ou seja, outras fibras que conectam o átrio ao ventrículo e fora do sistema normal de condução.
Pacientes com Síndrome Wolff-Parkinson-White apresentam condução anterógrada e retrógrada por tais vias. Dessa forma, é possível observar no eletrocardiograma basal o intervalo PR curto e a onda delta. Esses achados ocorrem porque os estímulos normais que descem pelo nó AV vão acontecer pela via acessória, ocasionando a onda delta.
No entanto, já que a despolarização pela via acessória ocorre de modo mais lento, quando o estímulo que veio por ela começa a despolarizar o ventrículo já vai encontrá-lo despolarizado pela via normal. Nesses casos a taquiarritmia também tem início como uma ectopia atrial, e o estímulo não consegue descer pela via acessória porque ela está em período refratário.
Contudo, ela consegue descer pelo nó AV e, ao terminar de despolarizar o ventrículo, o estímulo encontra a via acessória pronta e sobe por ela até os átrios via condução retrógrada. O circuito é fechado quando o estímulo desce novamente pelo nó AV iniciando, assim, um novo ciclo.
Conheça os serviços do Dr. Leonardo Martins Pires
Mestre e Doutor em Cardiologia, o Dr. Leonardo Martins Pires é especializado em Eletrofisiologia Clínica e Invasiva e é membro da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas. O Dr. Leonardo também é diretor de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul e faz atendimento em quatro Hospitais na região de Porto Alegre. Clique aqui para conhecer os locais de atendimento e agendar uma consulta.