No Brasil, estima-se que pelo menos 20 milhões de brasileiros sofrem com algum tipo de arritmia cardíaca e cerca de 320 mil mortes são provocadas por esta doença. E sabemos que um dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento de arritmias cardíacas está relacionado aos hábitos diários. Hoje falaremos, em especial, de dois deles: o café e o álcool.
Café causa arritmia cardíaca?
Há muitas divergências entre o meio médico se o café causa arritmia cardíaca ou não. Popularmente, deve-se evitar o consumo de café para quem possui ou tem algum risco de desenvolver arritmias.
Contudo, recentemente foi publicado um estudo no JAMA International Medicine onde foram analisados dados de mais 380.000 pessoas e conclui-se que o consumo de café não contribui para o desenvolvimento de arritmias cardíacas.
Após acompanhar por aproximadamente 3 anos este grupo de pessoas, cerca de 4% dos analisados desenvolveram algum tipo de arritmia incidente e o restante do grupo analisado, possuíam 3% menos chances de alguma arritmia incidente se desenvolver, principalmente arritmia do tipo fibrilação atrial e a taquicardia supraventricular.
É importante ressaltar que para este estudo foram ajustados os hábitos de vida das pessoas analisadas e adicionado uma xícara de café além do habitual.
Então, qual o problema que o café pode causar?
Apesar do resultado dessa pesquisa ser bastante animador para os amantes de cafés, é preciso ter cautela quanto ao consumo, e, principalmente, não associá-lo a prevenção de arritmia cardíaca.
A cafeína, apesar de ser um fraco estimulante para o sistema cardiovascular, é um forte estimulante para o sistema nervoso, de forma que a moderação do seu consumo seja fundamental.
Além disso, destacamos os hábitos diários que podem estar associados ao seu consumo, como o tabagismo, que o torna prejudicial para o sistema cardiovascular. Assim como o café, muito se fala sobre o consumo de álcool como fator de desenvolvimento de arritmia cardíaca, que falaremos no tópico a seguir.
Bebida alcoólica causa arritmia cardíaca?
Assim como o consumo de café, o consumo de bebida alcoólica é muito comum entre a população brasileira, principalmente no verão. E apesar da crendice popular que uma taça de vinho faz bem para o coração, estudos recentes realizados pela Universidade da Califórnia mostraram o contrário.
A maioria dos estudos e pesquisas focam em identificar os fatores de riscos para o desenvolvimento da doença ou em seus respectivos tratamentos, deixando de lado uma pesquisa aprofundada sobre fatores determinantes para o momento da doença ocorrer.
Este estudo consiste em acompanhar um grupo de aproximadamente 100 pessoas, durante 4 semanas, monitoradas por eletrocardiograma (ECG). Toda vez que o paciente tomava uma bebida alcoólica no tamanho padrão pressionava-se um botão.
Dessa maneira, foi possível observar que um episódio de fibrilação atrial tinha duas vezes mais chances de acontecer após o consumo de uma dose e três vezes mais ao tomar mais de duas doses. É importante ressaltar que este estudo é baseado em pacientes com maior propensão de desenvolver quadros agudos de fibrilação atrial.
Portanto, não é um café que vai desencadear quadros de arritmia cardíaca, dentro do consumo adequado e aliado a uma rotina de hábitos saudáveis e não-prejudiciais ao nosso organismo. Felizmente, o consumo moderado de bebida alcoólica para a população em geral, ou seja, que não apresenta nenhum risco de desenvolver quadro de arritmias, está liberado, porém para aqueles que já possuem, deve ser tomada ainda mais atenção.
Conheça os serviços do Dr. Leonardo Martins Pires
Mestre e Doutor em Cardiologia, o Dr. Leonardo Martins Pires é especializado em Eletrofisiologia Clínica e Invasiva e é membro da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas. O Dr. Leonardo também é diretor de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul e faz atendimento em quatro Hospitais na região de Porto Alegre. Clique aqui para conhecer os locais de atendimento e agendar uma consulta.
